Ortodoxos no Brasil

ORTODOXOS NO BRASIL
Quantos somos ?
No final do século XIX e início do século XX, chegaram ao Brasil os primeiros cristão ortodoxos, em sua maioria de origem síria, libanesa e grega.

O primeiro fluxo migratório de sírios, libaneses e de palestinos (em menor número), para o Brasil, deu-se em razão de perseguições e conflitos étnico-religiosos que ocorreram na região do Levante (que atualmente compreende os territórios da Síria, Líbano, Chipre, Palestina e Israel) nas últimas décadas do fim do Império Otomano. Um dos maiores conflitos dessa época foi o Conflito Druso-Maronita de 1860. Além disso, as viagens do imperador Dom Pedro II ao Oriente Médio, em 1871 e 1877, teriam incentivado esse fluxo migratório, devido à promessa de que no Brasil esses povos seriam bem recebidos. 

Em 1904, foi construída em São Paulo, na atual rua Cavaleiro Basílio Jafet (Centro), a primeira Igreja Ortodoxa do Brasil: a Igreja da Anunciação de Nossa Senhora. Essa Igreja foi construída pela comunidade sírio-libanesa e pertence à jurisdição do Patriarcado de Antioquia, bastante presente no Brasil. Décadas depois, a Igreja foi modificada. Ainda localizada no mesmo endereço, a Igreja ocupa um pequeno espaço no térreo de um edifício que sobre ela foi erguido. 

Os gregos, por sua vez, foram responsáveis pela construção da provável segunda Igreja Ortodoxa do Brasil: a Igreja de São Nicolau em Florianópolis, construída em 1905, e que está sob a jurisdição do Patriarcado Ecumênico.

Em razão das 1ª e 2ª Guerras Mundiais, mais imigrantes vieram para o Brasil. Gregos, sírios, libaneses, russos e ucranianos foram os que mais contribuíram para o aumento da população ortodoxa no Brasil, nesse período.

Muitos dos imigrantes desses primeiros fluxos migratórios se integraram à cultura brasileira. No norte, nordeste e centro-oeste do Brasil, principalmente, essa integração causou a dispersão desses grupos, sendo que, em relação à religião, muitos se tornaram adeptos da Igreja Católica Romana, pois os ritos e dogmas das igrejas orientais causavam estranhamento na sociedade brasileira, que pressionava os imigrantes árabes a adotarem as práticas do catolicismo romano.

Entre as décadas de 1940 a 1960, o Brasil também registrou um significativo número de imigrantes sérvios, provenientes da então Iugoslávia. Os sérvios (ou simplesmente iugoslavos) se instalaram principalmente na cidade de São Paulo. Apesar de numerosos, os sérvios ortodoxos não se organizaram em comunidades religiosas no Brasil. Não há relatos de construção de igrejas pelos imigrantes.   

Búlgaros, romenos e poloneses também migraram para o Brasil, especialmente no início do século XX e durante e após a 2ª Guerra Mundial. Os relatos dão conta de que a maioria desses imigrantes eram principalmente judeus. Logo, apesar de provenientes de regiões tradicionalmente ortodoxas, não tiveram grandes contribuições para a formação da população ortodoxa brasileira.    

Atualmente, há no Brasil a representação de 5 Igrejas Ortodoxas autocéfalas: (i) Patriarcado Ecumênico, (ii) Patriarcado de Antioquia, (iii) Patriarcado de Moscou, (iv) Patriarcado da Sérvia e (v) Igreja da Polônia.

O Patriarcado Ecumênico possui paróquias vinculadas a duas dioceses que abrangem dois dois grupos étnicos distintos: (i) gregos, vinculados à Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul (com paróquias ativas nos estados de SP, RJ, DF, ES, SC, RS e PR); e (ii) ucranianos, vinculados à Eparquia Ortodoxa Ucraniana da América do Sul, com sede em Curitiba (com paróquias ativas nos estados de PR, SC, SP e RS).

O Patriarcado de Antioquia, possivelmente a Igreja Ortodoxa com o maior número de adeptos no Brasil, possui duas jurisdições: (i) Arquidiocese de São Paulo e de todo o Brasil (com paróquias ativas nos estados de SP, DF, GO, PR e PE) e (ii) Vicariato Patriarcal do Rio de Janeiro, com algumas paróquias no estado do Rio de Janeiro.

O Patriarcado de Moscou é um pouco mais peculiar. Oficialmente há apenas uma jurisdição no território brasileiro: a da Eparquia da Argentina e da América do Sul (com paróquias ativas nos estados de RJ, RS e DF). Mas também há a Diocese de São Paulo e América do Sul (com paróquias na cidade de São Paulo). Acontece que essa Diocese de São Paulo está, na verdade, vinculada à Igreja Ortodoxa Russa fora da Rússia (ROCOR), cuja sede é em Nova Iorque (EUA). Em 2007, o Patriarcado de Moscou e a ROCOR assinaram o "Ato de Comunhão Canônicapara restabelecer a comunhão entre as duas Igrejas separadas desde 1920. Atualmente a ROCOR tem a natureza de igreja semi-autônoma e está vinculada ao Patriarcado de Moscou. Apesar disso, a Diocese de São Paulo, por questões diversas, não atende ao Patriarcado de Moscou.

O Patriarcado da Sérvia possui paróquias e missões ortodoxas no estado de PE e uma pároco em SP, estando sob a jurisdição Diocese de Buenos Aires e Américas do Sul e Central, criada recentemente.

A Igreja da Polônia possui paróquias e missões ortodoxas no estado do RJ, PE e PB, estando sob a jurisdição Eparquia do Rio de Janeiro, Olinda e Recife.

As comunidades e paróquias ortodoxas no Brasil são formadas basicamente por estrangeiros imigrantes e seus descendentes. Geralmente cada grupo étnico é fechado em sua própria comunidade religiosa ortodoxa. Assim gregos tendem a participar das liturgias e atividades religiosas apenas em uma Igreja gregaucranianos, em uma Igreja ucraniana; sírios e libaneses, em uma Igreja Antioquina; e russos, em uma Igreja russa. Pessoas de um grupo étnico cuja Igreja do país de origem não possui representação na sua cidade de domicílio, ou no Brasil como um todo, tendem a não participar de atividades religiosas coletivas.

Exceção à participação étnica em comunidades ortodoxas no Brasil é dos fiéis do Patriarcado da Sérvia e da Igreja da Polônia. No Brasil, essas duas Igrejas têm a característica de terem sido constituídas a partir de brasileiros que não têm origem estrangeira. 

O Vicariato Patriarcal do Rio de Janeiro e, em menor medida, a Arquidiocese de São Paulo, ambos sob a jurisdição do Patriarcado de Antioquia, também tendem a atenuar a etnia em relação à ortodoxia, sendo que ambas as representações já ordenaram um significativo número de sacerdotes brasileiros. Porém, grande parte dos fiéis continuam sendo de sírios, libaneses e descendentes. 

Apenas nas paróquias do Patriarcado da Sérvia e da Igreja da Polônia o português é a língua litúrgica unânime e principal. Nas demais Igrejas, com exceção de algumas paróquias onde os párocos são brasileiros, a língua litúrgica é a do país de origem da Igreja. Assim, nas Igrejas gregas, usa-se o grego; nas Igrejas antioquinas, o árabe; nas Igrejas ucranianas, o ucraniano, o russo e o eslavo litúrgico; nas Igrejas russas, o russo e o eslavo litúrgico.        

Por fim, enquanto há a representação de 5 Igrejas Ortodoxas autocéfalas no Brasil, constata-se a presença de:
  • 6 comunidades ortodoxas étnicas: (i) gregos, (ii) ucranianos, (iii) sírios e libaneses de São Paulo e outros estados; (iv) sírios e libaneses do Rio de Janeiro; (v) russos do Patriarcado de Moscou; e (vi) russos da ROCOR; e 
  • 2 comunidades ortodoxas brasileiras: (i) brasileiros do Patriarcado da Sérvia; e (ii) brasileiros da Igreja da Polônia. 

CENSO IBGE 2010

População ortodoxa no Brasil: Censo 2010.
Conforme o CENSO IBGE 2010, no Brasil há 131.574 fiéis cristãos ortodoxos (isso no ano de 2010). O Estado que concentra a maior população ortodoxa é São Paulo com 31.618 fiéis.

Na pesquisa, empregou-se o termo "católicos ortodoxos". A estatística do IBGE, porém, não detalhou os grupos de ortodoxos pesquisados. Portanto, nesse número podem estar incluídos aqueles que se declararam cristãos ortodoxos, mas são adeptos da Igreja Siriana (que tem apresentado um relativo crescimento no Brasil), da Igreja Copta e até de outros grupos que indevidamente se autointitulam ortodoxos, mas que não têm qualquer vinculação com nenhuma das 14 Igrejas Ortodoxas Autocéfalas.

Considerando que no ano de 2010, a população total do Brasil era de 190.755.799 pessoas e que o número de ortodoxos era de apenas 131.574 pessoas, ou seja, 0,068% da população brasileira, pode-se concluir que o número de ortodoxos no Brasil ainda é bastante pequeno.

Em relação aos ortodoxos, não foram colhidos dados sobre sexo, idade, raça ou cor. 
Número de ortodoxos por estado.

Publicado em 03/08/2015
Profeta Ezequiel (c. antigo) 
Salomé, Santa Mirófara (c. novo)

7 comentários:

  1. Essa porcentagem nos estados tá esquisita. Não é isso tudo não. Em São Paulo por exemplo mais de 60% é católica, os evangélicos são mais de 20%, sem religião em torno de 10% e o resto que sobra fica para as outras. Rj 10%? Mas não é mesmo. Se chegar a 2% já é muito, o mesmo pra SP. No resto não chega nem a 1%, se chegar é muito.

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    1. É da população total de ortodoxos. Distribuidos no Brasil.

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  2. Infelizmente é uma minoria invisível. Em grande parte dos estados a presença é nula.

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  3. Prezados, o percentual descrito no gráfico se refere à distribuição dos 131.574 ortodoxos pelo Brasil, conforme o Censo IBGE 2010. O estado de São Paulo, por exemplo, no ano de 2010 contava com 31.618 ortodoxos, que representam 24% dos ortodoxos em todo o Brasil.

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  4. Boa tarde. Eu tive esse mesmo dúvida que você teve sobre o que o IBGE considera Ortodoxia, então mandei email para eles perguntando. Sob o termo "católicos ortodoxos" é realmente apenas a Igreja Ortodoxa, da comunhão que considera o Patriarca de Constantinopla primus inter pares. Ortodoxos orientais (miafisistas) como Coptas, Siríanos, Ortodoxos Etíopces Tewahedo e Armênios Apostólicos estão classificados sob o termo "outros cristãos".

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  5. quantos adpetos ortodoxio ha no BRASIL

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  6. Há muitos ortodoxos fake

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